Há muito escutamos que as vinte e quatro horas do dia devem ser subdivida em três partes de oito horas, onde uma parte atribuída ao trabalho, a outra ao lazer e as oito horas que restam ao sono.
Com o tempo, o sono já está sendo reclassificado como descanso, e com isso, não sendo mais computado às oito horas iniciais dormindo para que o nosso organismo metabolize os hormônios que são tão necessários para o relaxamento corporal e mental de maneira a atender o ritmo frenético e estressante dos dias atuais, mas são encaixados nessa classificação o tempo em que conseguimos ficar relaxados sem realizar qualquer tarefa. Já de alguma forma furtando fações do período para um outro fim do que estabelecido originalmente.
No outro ponto, máximas como o pensamento atribuído a Confúcio: “ escolha um trabalho que você ame e não terá que trabalhar um único dia em sua vida” está cada vez mais sendo desvirtuado para um aumento excessivo da carga de trabalho, passando das oito horas para dez, doze e até mesmo as dezesseis horas unindo-a totalmente ao tempo que deveria ser dedicado ao lazer.
Se a definição de lazer se remete ao conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se a se divertir, entreter, investir seu tempo a um hobby ou a atividade de que gosta, transformar o trabalho em lazer se torna uma bela justificativa, esquecendo que este seria um período de se ocupar com outras atribuições como relacionamentos familiares, amizades, ler um livro, jornal, praticar exercícios físicos, entre outros, de forma a alimentar o corpo e a mente com outras funções também vitais para saúde de um ser humano.
Com isso, também surgem desculpas verdadeiras que nos ajudam a reduzir a culpa pelo não cumprimento da divisão correta do dia nos três períodos, tais como: “ é o instante de investir na minha carreira e depois eu compenso”, ou “primeiro preciso garantir o futuro dos meus filhos e depois descanso” ou talvez “quando eu me aposentar terei muito tempo para descansar e curtir”. Mas será que vale a pena essa negligência neste instante?
Olhando para os acontecimentos que vem assolando nossa sociedade com a pandemia da COVID-19, vale mesmo a pena essa nossa correria desenfreada em busca de resultados e metas esquecendo-se dos laços fraternais e dos detalhes do prazer de uma boa leitura, de dar uma caminhada e, principalmente de uma boa conversa desinteressada com amigos e familiares?
Sabemos e temos a nossa obrigação de desempenhar com galhardia as nossas funções profissionais, o trabalho jamais deve ser esquecido, mas talvez a importância dado a ele vem nos transformando em meros executores de ordem e perdendo a nossa essência humana do contato, afeto e convivência em sociedade.
Infelizmente o COVID-19 está antecipando a retiradas de nosso convívio pessoas queridas, onde talvez elas tenham se dado diversas desculpas verdadeiras, ou, que nós tenhamos aplicado essas desculpas verdadeiras, onde ao invés de dinheiro ou uma roupa melhor, o que essas pessoas queiram era apenas um abraço, um momento junto contando piada, isto é, a nossa presença de corpo e alma. E isso nos faz refletir será que vale a pena?
Que possamos tentar utilizar essa fase tão difícil que estamos passando para retirar algum ensinamento e refletirmos, de maneira que ao final possamos ser os construtores de uma sociedade mais fraterna, saindo de um prisma de consumir para o de consumar. Criando um ambiente mais saudável, menos egoísta, e, principalmente, onde que sejamos o mandatário de nosso tempo e não comandado por ele. Assim proporcionando uma vida de valha a pena.
Antonio Felicio Netto
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