Já tinha falado sobre a ausência de leitura em outra oportunidade, e reafirmo que tenho observado há alguns anos que o hábito da leitura está diminuindo de forma assustadora em nossa sociedade. É bastante visível que atualmente a prática da leitura não é valorizada como instrumento de crescimento profissional e principalmente pessoal. Embora o avanço da tecnologia faça com que cresçam meios de comunicação de fácil acesso e todo tipo de conhecimento, a maioria da população não sabe usufruir bem desse meio para checar as informações que lhe são uteis.
Hoje estamos atravessando uma crise sem precedentes, todos os setores da sociedade estão sendo afetados, a economia e por consequência a garantida de emprego, a vida familiar, a relação das pessoas e claro a educação. A questão do isolamento social proporcionou uma verdadeira revolução na educação, não só no nosso país como em todo o globo.
É verdade que a educação tem passado por transformações nos últimos cinquenta anos, mas agora estamos diante de uma situação inovadora que é o isolamento social, o que tem demonstrado eficiente em relação ao problema do COVID 19 que afetou o mundo todo, de ouro vértice trouxe para os pais uma grande chance de conhecer de perto o modelo de educação que seus filhos estão tendo, e a oportunidade ímpar de complementar e participar da educação deles.
É importante reconhecer que a tecnologia atual permite que os alunos das escolas tenham “aulas virtuais”, não percam por completo as aulas, e possam, na medida do possível e com responsabilidade (e cobrança também), terem o conteúdo programático devidamente cumprido.
Mas isso é bom? O uso da tecnologia pode mudar de vez a forma de educação no Brasil? Esse é um assunto que tem que ser debatido pelos educadores, governo e sociedade, e com certa urgência porque a realidade da educação brasileira será outra após este período que estamos atravessando.
É de suma importância na elaboração de projetos pedagógicos eficientes e será preciso muita disciplina e (re)organização promovendo atividades que mantenham o interesse do aluno, e há ainda necessidade efetiva da participação da família, para que não se perca o foco principal.
Os jovens em regra não gostam de leitura, principalmente porque não são estimulados, e com esta novidade na relação ensino/aprendizagem, se não tomar os devidos cuidados, com certeza o aproveitamento será pífio. O foco principal deve ser sempre, manter a educação de qualidade para as crianças e os jovens, e o desafio é enorme, pois não há experimento suficiente para colocar em prática esse novo método.
A formação superior também está muito apreensiva com tudo isso, apesar de já há algum tempo haver cursos de pós-graduação e MBA que tem parte da grade disciplinas tele presenciais, mas a realidade de ter cem por cento das aulas via “internet” tem mudado o comportamento tanto dos alunos quanto dos professores.
Muito tem se discutido o assunto, mas qual o caminho? Como professor universitário há mais de vinte e três anos, passei por várias fases e modificações nesta relação ensino/aprendizagem, mas certo é que não há como comprar este atual momento, porém certo é também que a educação, assim como também muitos setores da sociedade não serão os mesmos pós pandemia.
Neste norte temos que o choque, ainda que de forma ruim, vai transformar a educação em nosso país. Vai ser possível constatar que os métodos de educação à distância são eficientes ou não, e principalmente qual o grau de comprometimento dos envolvidos neste setor, que é a base de um país desenvolvido.
E neste sentido vejo que será preciso avaliar e reavaliar muito na educação brasileira, em especial a educação superior.
É certo que as crianças e os jovens sempre andaram muito ocupados nas redes sociais, se interessando muito mais pelos bate-papos, pela internet, pelos games e vídeos disponíveis, do que pelos inúmeros materiais úteis e de grande valor que a internet possibilita, e que será preciso fazer para que o interesse venha ser ao contrário?
Também é certo que, nos dias atuais há uma certa falta de comprometimento dos pais em conhecer e ser preocupar com as condições da escola (ou faculdade), que seu filho estuda, essa é a grande oportunidade para se engajar e buscar se inteirar da realidade da educação que está sendo proporcionada ao seu filho.
Isso pode ajudar e muito, e também ser benéfico para a sociedade como um todo, na última semana um jovem acadêmico de Direito me mandou uma mensagem que o seu pai “assistiu” via aplicativo a aula que ministrei para a turma noturna, segundo ele o pai que tem outra formação, até “pensou” em cursar direito também, e quem sabe ser colega do filho.
Creio ser esta a oportunidade de “reinventar” a educação, tentar tirar as melhores lições de tudo isso, buscar mesclar as atividades à distância com as presenciais, dando responsabilidade para o educando e por consequência ao educador e principalmente para a família conhecer a formação do jovem e o que está sendo ensinado, para que junto com a família a escola possa crescer em todos os sentidos.
O magistério, penso ser o pilar mestre de uma sociedade evoluída e fraterna, mas os educadores precisam da complementação da família na formação das crianças e dos jovens, futuros profissionais que sustentarão a sociedade no futuro, assim a grande oportunidade que está sendo dada, ainda que de forma transversa, é válida para chamar à responsabilidade a família que pode conhecer profundamente o que está sendo passado para seus filhos, de onde poderá avaliar também a qualidade do ensino.
Com certeza isso será uma reinvenção da educação, ou quem sabe uma volta ao passado.
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